O Cravo Vaidoso
Havia um cravo vaidoso
Que de tudo se gabava
Falado com pompa de Abril
Porque só ele lá estava.
Os outros cravos sorriam.
Na lapela ou no canteiro
Tentado não dar ouvidos
à basófia do companheiro.
O cravo se tão vaidoso
Contava á sua maneira
Aquilo que se passara
Sem dar sinais de canseira.
Nos canos das espingardas
Era sempre ele que estava
Enquanto os outros murchavam
Segundo a si«ua palavra .
Veio então a D.Hortência,
florista encartada,
que acabou com a vaidade
Do cravo que se gabava.
E falou dos outros cravos
Que ajudaram à festa
saídos da sua loja
aos molhinhos numa certa.
Mas será que há sempre alguém
A puxar para si os louros
Dos feitos que são de todos
Valendo como tesouros ?
O cravo ainda viçoso
Mais vermelho se tornou
Mas agora de vergonha
Com as palavras que escutou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário